Hoje, dia da criança, tenho uma receita diferente para partilhar. 10 "Mandamentos" que sigo (uns dias melhor do que outros, é certo), cá em casa, com o meu filho. As quantidades são mais ou menos a olho e os ingredientes base são mais ou menos estes.
"Mais ou menos"?! Sim, ser pai ou mãe é tudo menos uma "ciência exacta", acho que na verdade, só tomei consciência disso quando me tornei mãe. Todos os dias acerto e todos os dias erro, todos os dias aprendo e cresço com este pequeno (grande) ser de amor que abençoou a minha vida. Todos os dias tenho medos, receios e dúvidas que me desafiam e fazem tentar ser melhor enquanto mãe.
Acho que a chave é aceitar que não existem mães perfeitas, nem super mães e nem sequer perder tempo a tentar ser uma, isso apenas iria resultar em frustração. Importa sim que tudo o que faço com e para o meu filho seja feito com amor, e se errar... bem, se errar, amanhã cá estarei para tentar fazer melhor. A vida é isso mesmo, uma aprendizagem constante.
1- Ouvir
Parar para ouvir, realmente, o que o têm para nos dizer.
Vale desde que nascem. Antes mesmo de começarem a chorar, dão pequenos sinais de fome, sono, desconforto por a fralda estar suja, etc...
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Sentirem que as suas ideias, sentimentos, medos, sonhos e desejos, são importantes para nós, transmite confiança e segurança. Sabem que podem contar connosco, que nos preocupamos.
Se os soubermos ouvir, também eles saberão ouvir-nos.
" A forma mais importante e eficiente de falarmos com os nossos filhos para que nos ouçam, é ouvindo-os" Gail Saltz
2- Sem pressões
Não nos devemos agarrar demasiado a números, sejam tabelas de peso ou altura, sejam "supostas" idades em que devem falar, sorrir, andar, deixar de usar fralda, gatinhar, seja número de horas dormidas de seguida... Obviamente, servem como guia, mas a menos que de facto exista uma enorme discrepância ou algum sinal de alarme, não faz sentido colocar pressão nem em nós, nem neles. Cada criança é única, cresce, desenvolve e aprende ao seu ritmo e é muito importante que isso seja respeitado.
3 - Dar o exemplo
Como podemos nós exigir que façam algo quando fazemos exactamente o oposto? Queremos que comam a sopa, os vegetais? Que sejam amáveis, generosos, respeitadores? Que façam exercício? Que leiam? Que digam obrigado e por favor? Que sejam educados e cordiais? Então nada melhor que começar por fazer o mesmo, dando o exemplo. Não nos podemos esquecer que as crianças são pequenas esponjas que nos observam e ouvem atentamente, mesmo quando nem nos apercebemos disso.
Os seus níveis de confiança
e autoestima, bem como a maneira como lida com as frustrações, tristezas e
raiva são uma grande influência no modo os mais pequenos irão desenvolver essas
características. Assim, trabalhar e moldar a sua própria persistência, autoestima e
confiança é imprescindível para que estes possam aprender pelo exemplo.
4- Brincar
Nos primeiros anos, brincar é uma das actividades mais importantes para o seu desenvolvimento cognitivo, motor, social e adaptativo, não os devemos sobrecarregar com outras coisas. Brincar estimula a imaginação, a linguagem, a autonomia, a capacidade de explorar e decidir. Tão importante é que brinquem connosco, como sozinhos ou com os amigos/irmãos familiares. O espaço e ambiente onde brincam também deve variar: casa, praia, jardim, campo e escola (caso esteja em idade escolar), tal como as actividades e brinquedos ( pintura, bola, correr, ir ao parque, puzzles, legos, etc) ou ausência dos mesmos.
É muito importante brincarmos e fazermos actividades em conjunto com eles, mas também é importante permitir que sintam liberdade para explorar e criar sozinhos (tendo presente que podem a qualquer momento solicitar a nossa colaboração) promovendo assim a sua autonomia e autoconfiança.
5 - Pedir desculpa
Os pais também erram, também cometem erros, também podem ser injustos. Reconhecermos isso e pedirmos desculpa, demonstra respeito pela criança, ensina que todos podemos errar, mesmo sem intenção de magoar. Ao contrário do que muitos pais podem achar, isso não vai fazer com que a criança os respeite menos, vai sim fortalecer a relação entre ambos e fará com que se tornem em adultos mais tolerantes, respeitadores, confiantes e justos.
6 - Mimar, dar colo, abraçar
Quantas vezes ouvimos nós "não dês tanto colo, faz mal", "estragas o menino com mimo"... Dar colo, abraçar, demonstrar afecto, ajuda a que desenvolvam de forma saudável e sintam segurança. Quanto se sentem amados e seguros, desenvolvem com maior facilidade mecanismos que lhes vão permitir tornar-se crianças e adultos autónomos, confiantes, independentes e emocionalmente estáveis. Não tenhamos medo de amar os nosso filhos e de o demonstrar sempre e quando o nosso coração assim o entender ou eles precisarem.
7- Apoiar, incentivar, mostrar orgulho
Evitar frases derrotistas e/ou com teor negativo. Em vez de "não consegues?"," não queres?",
"não gostas?","não és capaz?" usar "queres tentar novamente?", "gostas?", "não desistas, eu acredito em ti". Parece um pouco cliché de livro motivacional de bomba de gasolina, mas a verdade é que as palavras e a forma como dizemos as coisas têm de facto um enorme impacto no seu comportamento e no seu desenvolvimento emocional.
Devemos encorajar, apoiar, incentivar, demonstrar-lhes e dizer-lhes o orgulho que sentimos neles (às vezes "só" pelo simples facto de existirem e serem o melhor que temos na nossa vida). Que bem sabe ouvirmos dizer "tenho orgulho em ti", não é?
8 - Livros
Os livros são mágicos, têm o poder de nos levar a viajar sem sairmos do lugar, estimulam a imaginação e criatividade, enriquecem o vocabulário e o conhecimento. Mesmo que ainda não saibam ler, podemos usar livros coloridos, apelativos a nível visual e ler para eles.
Leremos, em conjunto, uma história antes de irem dormir, é uma forma excelente de incluir os livros no seu dia-a-dia da e ao mesmo tempo fortalecermos laços e criarmos bonitas memorias de infância.
9- Música
A música, tal como os livros, é uma forma de nos expressarmos, de viajarmos, transmite emoções, sentimentos, ideias, sonhos... Estimula a mente e o corpo, mesmo ainda durante a gestação.
Entre outras coisas, ajuda a estimular a memória, a coordenação motora, a concentração e até mesmo o raciocino matemático. Estimula áreas no cérebro que nenhuma outra forma de comunicação consegue alcançar.
É importante incluir a música na vida dos nossos filhos de forma diária, dançar, cantar, ouvir ou tocar um instrumento, não importa a forma, desde que contribua para o seu bem-estar e os faça sentir bem e felizes.
10 - Gosto muito de ti, amo-te!
Os actos contam muito mais que as palavras, na maioria das vezes, é verdade, mas as palavras continuam a ter um enorme impacto
Diga todos os dias ao seu filho o quanto o ama.
Mesmo que nem sempre consiga seguir todos os outros pontos como gostaria, nunca se esqueça deste.<3
Autor: Ana G. Dimas ( Mamã Paleo) - psicóloga e mãe
Edit:
Esqueci-me de uma mas acho tão óbvia que nem inclui:
Nunca, jamais utilizar violência física ou verbal!