Ah e tal... isso de não dar açúcar aos bebés é
"esquisitice", "moda", "exagero",
"extremismo"... ou não, ou não...
Os primeiros mil dias do bebé (desde a fecundação até o
segundo aniversário) são um período crítico e decisivo para o seu desenvolvimento
e irão ter impacto directo na sua infância e idade adulta. A maior parte do
desenvolvimento cerebral acontece nesta fase e o corpo precisa de macro e
micronutrientes adequados para que isto ocorra da melhor forma possível. Dai eu
enfatizar tantas vezes a importância de uma boa alimentação durante a gestação
e o peso que a amamentação em exclusivo até aos 6 meses (e em modo complementar
pelo menos até aos 2 anos) tem para a saúde da criança, bem como, obviamente,
os alimentos que são dados ao bebé.
Grande parte dos hábitos alimentares consolidam-se até
perto dos 3 anos. É uma fase de descoberta de sabores e texturas. Oferecer
açúcar não só vai camuflar o real sabor dos alimentos, como vai sabotar o
processo de introdução alimentar e tirar o interesse do bebé por alimentos
saudáveis.
É importante ter noção que o consumo regular de açúcar, em excesso, compromete gravemente a sua saúde. Os hidratos de carbono simples, como os açúcares,
transformam-se rapidamente em glicose, o que pode, no futuro, dar origem a
inúmeros problemas de saúde, como obesidade, "fígado gordo" e
diabetes tipo 2.
Além disso, o excesso de açúcar, compromete, também o
sistema imunitário, ao diminuir a capacidade do organismo de resistir a doenças
infecciosas e pode causar reacções alérgicas, como sinusite, eczema e asma,
afectar a visão, os ossos e dentes (cáries), a pele e o sono. Pode desencadear o aparecimento de doenças autoimunes e doenças cardíacas. Está, até, associado ao eventual aparecimento de células cancerígenas. O seu consumo provoca variações de
açúcar no sangue, o que influencia os níveis de cálcio e fósforo e VICIA a criança.
Iogurtes, papas, bolachinhas e muitos outros ditos "saudáveis" e supostamente criados especialmente para as crianças, têm, quase todos, quantidades absurdas de açúcar (com esse ou outro nome), não são criados com o objectivo de nutrir mas sim de viciar!
Convém, também ter cuidado com receitas ditas "saudáveis" para bebés, em que o açúcar é simplesmente substituído por
mel, xarope de coco, xarope de arroz, agave, açúcar de coco, etc etc... todos eles são AÇÚCAR e
muitas das receitas para bebés que se encontram por ai têm-no e em excesso, sendo por isso, tudo menos "saudáveis".
Lembre-se: Ninguém sente falta de algo que nunca provou, a "necessidade" de adoçar a comida do bebé existe apenas na cabeça
dos adultos. Dê comida "de verdade", sem rótulos, é tudo o que é preciso. Se quiser fazer um bolo, ou bolachas, utilize uma peça de fruta ou coloque uma
tâmara ou duas, por exemplo, mas não mais do que isso, e mais importante ainda, não os
ofereça de forma regular à criança.
Sim, as adaptações caseiras são melhores que qualquer
produto processado, pois são isentas de aditivos, gorduras hidrogenadas e
companhia mas se se limitarem a trocar o
açúcar refinado por igual quantidade de açúcar "saudável" (não existe
açúcar saudável estou a ser irónica), continuam simplesmente a entupir os bebés e crianças de açúcar e a criar pequenos grandes viciados em doces.
É fácil irmos atrás desta tendência, eu própria em tempos
achei esta barbarie normal, mas na verdade, se pararmos para pensar, não faz
sentido, é aberrante! Ter conhecimentos de todos estes malefícios e continuar a permitir o seu consumo diariamente, é para mim, criminoso! É jogar de forma leviana com a saúde daqueles que são o que de mais importante temos e que devíamos proteger acima de tudo e todos!
Há pouco tempo atrás, disseram-me que lutar contra o
açúcar era uma luta vã, que a sociedade está formatada para dele depender e
tentar ir contra isso é pura perda de tempo. Confesso que aquelas palavras,
ditas por alguém que muito admiro, tocaram-me cá dentro de tal forma que me
deixaram num estado quase depressivo. Será mesmo uma utopia achar que é
possível mudar comportamentos, achar que é possível lutar pela saúde das nossas
crianças e pelo DIREITO a uma alimentação saudável? Por alguns momentos, tive
vontade de baixar os braços, mas bastou-me olhar para o meu filho, para saber
que esse não é o caminho.
Fontes:
https://www.ucsf.edu/news/2015/10/136676/obese-childrens-health-rapidly-improves-sugar-reduction-unrelated-calories
http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2015-04-03-O-acucar-e-o-maior-veneno-que-damos-as-criancas
http://www.advanceclinics.pt/criancasacucarmedicamentos/
https://edition.cnn.com/2015/11/03/health/gupta-sugar-study-kids/index.html
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/oby.21371/abstract
http://time.com/4087775/sugar-is-definitely-toxic-a-new-study-says/
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