terça-feira, 5 de março de 2019

Gluten free? Lactose free? Os pontos que faltam nos i's

Achei que era melhor ignorar, mas não consigo passar sem deixar aqui um pequeno desabafo sobre a notícia que anda a circular, esta semana, sobre o glúten e os lacticínios: acho incrível que quem escreve sobre o assunto não saiba distinguir uma alimentação natural à base alimentos de verdade, de uma feita à base de produtos processados "glutenfree/lactosefree".
Confundem-se também termos como intolerância e alergia, duas coisas bem diferentes e distorcem-se dados estatísticos.
Deviam, sim, dizer: atenção aos produtos PROCESSADOS" sem glúten" ou "sem lactose", a maioria é feita à base de ingredientes potencialmente inflamatórios e nocivos para o corpo humano (como as gorduras trans, açúcar, soja e milho transgénicos).
Por isso, digo sempre para lerem os rótulos com atenção e fazerem boas escolhas. O mesmo vale para os produtos Bio. Dar preferência a produtos Bio é bom, mas atenção, o facto de dizer Bio na embalagem nem sempre é sinónimo de algo saudável – é sempre importante ler o rótulo e perceber o que estamos de facto a comprar.
Deixo-vos com alguns excertos do meu livro "Dieta sem Dieta", sobre o leite, a lactose e a caseína e sobre os cereais e o glúten.
"É elevada a percentagem de pessoas que não tolera bem o leite. Esta situação pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente à medida que envelhecemos, pois muitos de nós deixamos de produzir ou produzimos em muito pouca quantidade a enzima lactase, responsável por “quebrar” o açúcar do leite (lactose). Assim, a sua ingestão pode causar inchaço, prisão de ventre e refluxo e está associada ao aparecimento de eczema, agravamento de sinusites e rinites, acne, enxaquecas e dores nas articulações. A somar a tudo isso, temos também a caseína, principal proteína do leite, que desencadeia reações alérgicas ou inflamatórias no intestino. Tal como o trigo, também o leite que hoje consumimos é bem diferente daquele que os nossos antepassados consumiam até há bem pouco tempo. Por forma a aumentar a produção, a maior parte do gado é criado em sistema intensivo, alimentado com ração à base de cereais transgénicos, em vez de pasto. O que resulta em carne e leite ricos em ómega 6 e pobres em ómega 3. Esse desequilíbrio dá origem a processos inflamatórios no nosso corpo. As vacas, tal como nós, produzem apenas leite durante a segunda metade da gestação e durante o período de amamentação. Por esse motivo e por forma a conseguir aumentar a produção e a sua duração, os produtores de leite utilizam hormonas que fazem com que o corpo da vaca produza leite de forma constante. Isto leva a que muitas vezes surjam mastites e outras doenças do género. Para tratar e evitar essas situações, é-lhes administrado um grande número de antibióticos"

(...)
"O trigo dos dias de hoje é completamente diferente do que existia há, por exemplo, 100 anos. Por altura dos anos 60 e 70, foi intensamente manipulado, por forma a tornar-se mais rentável, e surgiu um híbrido, o trigo-anão, que permite elevada produtividade a baixo custo e é muito mais resistente a nível climatérico. Este novo tipo de trigo tem uma concentração muito maior de glúten e é mais pobre a nível nutricional. Além disso, antigamente os cereais eram preparados de forma diferente: eram demolhados, germinados, fermentados e, depois da ação dos fermentos, atuavam os lactobacilos que destruíam em parte a estrutura de glúten e os tornavam mais digestos. Atualmente, a farinha é branqueada, com recurso a processos químicos e são utilizadas leveduras rápidas que mantêm a estrutura do glúten inalterada.

(...)
O glúten é uma proteína que é muito difícil de digerir pelo ser humano e causa inflamação intestinal a grande parte da população. Isto pode levar a que o revestimento intestinal seja danificado, e, por consequência, o corpo passe a não absorver de forma correta os nutrientes. Problemas gastrointestinais, alergias cutâneas e outros problemas de pele, enxaquecas, doenças autoimunes, aumento da gordura visceral, dores nas articulações e problemas de saúde mental estão também associados ao seu consumo. Não se deixe iludir por produtos processados «Sem Glúten – Glúten Free», isso, só porsi, não os torna num alimento saudável. Na verdade, a maioria está cheia de açúcares, gorduras hidrogenadas/trans, cereais transgénicos, como a soja e o milho, leite e diversos corantes e conservantes."



In Dieta sem Dieta, Ana S. Guerreiro


https://mamapaleo.blogspot.com/2018/10/dieta-sem-dieta-mama-escreveu-um-livro.html



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